À flor da pele: quando uma etnografia da violência escolar encontra o racismo estrutural brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21703/0718-5162.v21.n46.2022.009

Resumo

Elaborado a partir de uma pesquisa de cariz etnográfico, o artigo discute conexões existentes entre violências ocorridas nas relações escolares, produção social da diferença étnico-racial e racismo estrutural. A pesquisa se deu em uma escola pública do interior do estado de Minas Gerais, Brasil, e teve como participantes uma turma de estudantes da última série do ensino fundamental II. A imersão em campo teve duração de dois semestres letivos, envolvendo observação, conversas informais, registros em cadernos de campo, além da aplicação de questionários e de uma técnica de interpretação de desenhos. O percurso investigativo confirmou a presença de marcadores sociais de identidade/ diferença nas bases das principais situações de violência ocorridas no âmbito escolar, e revelou que a violência tende a ser naturalizada quando tais marcadores são étnico-raciais. Outros achados relevantes foram a estigmatização e a negação do corpo negro, compondo um quadro de normatização da branquitude no espaço escolar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernanda Telles Márques, Universidade de Uberaba

Cientista social com Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Pós-doutorado em Estudos Culturais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PACC/UFRJ). É professora/pesquisadora da Universidade de Uberaba, atuante no Programa de Pós-graduação em Educação (Mestrado e Doutorado), no curso de especialização em Teoria Psicanalítica e na graduação em Medicina. Líder do GEPEDiCi - Grupo de Estudos e Pesquisas Educação na Diversidade para a Cidadania (CNPq/UNIUBE), e membro efetivo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).

Referências

Abreu-Bernardes, S., Márques, F.T., y Abreu-Bernardes, L. (2015). “Outros campos, outros gafanhotos”: reinvenções da antropologia na pesquisa em educação. Revista Profissão Docente, 15(33), 115-126.

Antunes, D. C., y Zuin, A.A.S. (2008). Do bullying ao preconceito: os desafios da barbárie à educação. Psicologia & Sociedade, 20(1), 16-32.

Bazzo, J. (2017). A agência da noção de bullying no contexto brasileiro a partir da etnografia de uma experiência escolar. Horizontes Antropológicos, 23(49), 203-231.

Bourdieu, P. (2003). A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Bourdieu, P. (1986). Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense.

Charlot, B. (2002). Violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, 8(1), 432-443. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/soc/n8/n8a16.pdf.

Costa, J. F. (1994). Psicanalista diante da Realidade Brasileira. En: Mídia & Violência Urbana. Rio de Janeiro: FAPERJ.

Debarbieux, É. (2001). A violência na escola francesa: 30 anos de construção social do objeto (1967-1997). Educação e Pesquisa, 27(1), 163-193. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/ep/v27n1/a11v27n1.pdf.

Debarbieux, É., y Blaya, C. (2002). Violência nas escolas: dez abordagens europeias. Brasília: UNESCO.

Durkheim, É. (1977). Éducation et sociologie (1922), Paris: P.U.F.

Fante, C. (2005). Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus.

Foucault, M. (2002). Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes.

Gomes, N. L., y Miranda, S. A. (2014). Gênero, raça e educação: indagações advindas de um olhar sobre uma academia de modelos. Poiésis, 8(13), 81-103. Recuperado de http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/view/1373.

Gusmão, M. M. M. (1999). Linguagem, cultura e alteridade: imagens do outro. Cadernos de Pesquisa, 107(1), 41-78. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/cp/n107/n107a02.pdf.

Gusmão, N. M. M., y Márques, F. T. (1996). A Criança, a rua, a escola: relações em jogo ou jogo de relações?, XX Encontro Anual da ANPOCS, 20(1), 1-24. Recuperado de: https://anpocs.com/index.php/encontros/papers/20-encontro-anual-da-anpocs/gt-19/gt05-17/5347-gusmao-marques-crianca-negra/file.

Hirigoyen, M. F. (1998). Assédio Moral: a violência perversa do cotidiano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Hirigoyen, M. F. (2006). Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Leymann, H. (1996). Mobbing: la persecution au travail. Paris: Éditions du Seuil.

Márques, F.T. (1997). A “maldição” das ruas – o estigma do pivete. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Marília, São Paulo, Brasil.

Marriel, L.C., Assis, S. G., Avanci, J.Q., y Oliveira, R.V.C. (2006). Violência escolar e auto-estima de adolescentes. Cadernos de Pesquisa, 36 (127), 35-50. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/cp/v36n127/a0336127.pdf.

Mauss, M. (2013). Joking relations (1928). HAU: Journal of Ethnographic Theory, 3(2), 317–34, 2013. Recuperado de https://www.journals.uchicago.edu/doi/pdf/10.14318/hau3.2.023. em 25/01/2019).

Monteiro, S. S., Vilela, W. V., y Soares, P. S. (2014). É inerente ao ser humano! A naturalização das hierarquias sociais frente às expressões de preconceito e discriminação na perspectiva juvenil”. Physis - Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 24 (2), 421-440. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/physis/v24n2/0103-7331-physis-24-02-00421.pdf.

Munanga, K. (2004). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC, SECADI.

Olweus, D. (1978). Agression in the schools: bullies and whipping boys. Washington: Hemisphere Press.

Olweus, D., y Limber, S. P. (2010). Bullying in school: evaluation and dissemination of the Olweus bullying prevention program. American Journal of Orthopsychiatry, 80(1), 124-134. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20397997/

Pereira, B., Silva, M. I., y Nunes, B (2009). Descrever o bullying na escola: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal. Rev. Diálogo Educ., 9 (28), 455-466. Recuperado de https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/3169

Pinheiro, F.M., y Williams, L. C. A. (2009). Violência intrafamiliar e intimidação entre colegas no ensino fundamental. Cadernos de Pesquisa, 39 (138), 995-1018. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/cp/v39n138/v39n138a15.pdf.

Radcliffe-Brown, A. R. (1940). On joking relationships. Africa: journal of the International African Institute, 13(3), 195-210. Recuperado de https://pdfs.semanticscholar.org/d250/6687148bdef378cb9ce5f62a88317a6fc6f6.pdf.

Seyferth, G. (1995). A invenção da raça e o poder discricionário dos estereótipos. Anuário Antropológico, 93(1), 175-203.

TIC Kids Online Brasil. (2017). Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil. Recuperado de https://cetic.br/pesquisa/kids-online/.

Downloads

Publicado

2022-08-01

Como Citar

Márques, F. T. (2022). À flor da pele: quando uma etnografia da violência escolar encontra o racismo estrutural brasileiro. REXE- Revista De Estudios Y Experiencias En Educación, 21(46), 171–189. https://doi.org/10.21703/0718-5162.v21.n46.2022.009

Edição

Seção

Investigación